Origem da obra de arte
RIO DE JANEIRO
Arte e a essência do ser.
Resumo
Este texto pretende organizar as ideias apresentadas durante as aulas sobre a filosofia de Heidegger e refletir o pensamento por ele proposto no livro “A Origem da Obra de Arte”.
Se arte e homem nascem juntos, se aquela é fator humanizante deste, em “A origem da obra de arte”, Heidegger talvez esteja buscando a origem do próprio homem e da humanidade. Visto assim, talvez a busca pela origem da obra de arte seja algo mais difícil do que se possa originalmente supor. O artista só existe por causa da obra e a obra não existe sem o artista. Um não é sem o outro. E a arte é a origem dos dois.
Toda obra tem um aspecto de coisa. A obra de arte existe como as outras coisas. No entanto, ela é para nós mais que uma mera coisa. Ela é alegoria, carregada de valor simbólico. Nota-se que Heidegger tenta, inicialmente, desmistificar a obra, porém cuida para não igualá-las às meras coisas. Heidegger busca então a essência de coisa, para diferencia-la claramente da essência da obra de arte.
O primeiro problema encontrado ao se tentar chegar à essência de coisa, remete à terminologia, à toda a linguagem ocidental. Para Heidegger, hoje nós simplesmente não sabemos o que falamos. Toda a tradição linguística do ocidente carrega consigo o estigma do equívoco. O romano, ao se apossar das expressões do idioma grego, as mundaniza, as separa de suas experiências originais. A palavra continua a mesma, mas o significado não. Aqui, Heidegger identifica “a falta de terreno de todo o pensamento ocidental”. A definição ocidental corrente oculta o ente utilizando-se da adjetivação. Assim, a coisa já não é ela própria, ela é isso ou aquilo (colorida, cheirosa, feia, etc). Fala-se da coisa, sem falar da coisa em si.
A segunda maneira de se tentar captar a coisa seria uma fuga completa da primeira visão. Já que estamos tão distantes da coisa em si, entremos num estado de total receptividade de sensações