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Budapeste é a quarta produção literária do compositor, cantor e escritor Chico Buarque de Holanda. Ele compôs esta obra na sua residência, no Rio de Janeiro, e também em seu apartamento, localizado na capital francesa. A duplicidade, tão presente neste livro, já se encontra presente, portanto, no seu próprio processo criativo.
Comparado às obras anteriores, este romance escapa da densidade sufocante de seus antecessores, apresentando um discurso mais saboroso e envolvente. Cabe ao leitor que viaja por suas páginas descobrir o que é real e o que se abriga no universo da fantasia. Seu protagonista é José Costa, um ghost-writer, ou seja, um autor que cria seus enredos, discursos e artigos anonimamente, ao mesmo tempo em que testemunha outros levarem a fama por aquilo que ele criou.
Morador do Rio de Janeiro, ele é casado com Vanda, que tem um filho seu, Joaquinzinho, em um momento de baixa auto-estima vivenciado por José. Ele é sócio do amigo Álvaro Cunha em uma agência que produz textos anônimos para outros. Ao retornar de um Congresso de ghost-writers como ele, acidentalmente vai parar em Budapeste, na Hungria. Aí ele se apaixona pelo idioma magiar e assume uma nova identidade, bem como outro caso amoroso, com Krista, que o ajuda a dominar esta língua sedutora.
Budapeste é povoado pelas conversas entre o outro de José, Zsoze, que nasce quando não conseguem escrever seu nome corretamente, e a amante Krista. Enquanto o brasileiro só cria em prosa, sua nova identidade produz um poema intitulado Titkos Háramsoros Versszakok ou Tercetos secretos, assinado por um certo Kocsis Ferenc, poeta decadente.
José passa a viver alternadamente estes dois personagens, alimentando uma duplicidade que remete a um estilo muito comum na produção literária européia dos séculos XIX e XX. Enquanto os poemas produzidos em Budapeste não fazem muito sucesso com Krista, o que leva Zsoze a romper com ela, Vanda se deixa seduzir pela produção anônima de José sobre o alemão