Organização do trabalho
A SAÚDE E OS PROCESSOS DE TRABALHO NO CAPITALISMO: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
RESUMO
Este artigo pretende, através de uma interlocução entre a Medicina do Trabalho e a Sociologia do trabalho, estudar os efeitos das Revoluções Industriais no processo do trabalho. Resgatando o taylorismo, o fordismo e o toyotismo, objetiva-se traçar um painel das principais transformações nas condições de trabalho, desde o século XVIII, com a primeira Revolução Industrial, até o século XXI, com a terceira Revolução Industrial, em curso desde os anos 70 do século passado. Este artigo, ainda, busca apontar os reflexos desses processos na realidade brasileira.
PALAVRAS-CHAVE
Capitalismo, sociologia do trabalho, trabalho, condições de trabalho.
A percepção de que o trabalho tem consequências sobre a saúde dos indivíduos é bastante antiga.
As suas diferentes fases de desenvolvimento foram marcadas por importantes mudanças em termos de inovações tecnológicas, qualificação do trabalhador, modos de organização do trabalho e da produção, formas de controle sobre os trabalhadores, desempenho dos sindicatos e papel do Estado. Esse conjunto de transformações características de determinadas etapas históricas do capitalismo costuma ser chamado de revolução industrial. Neste cenário em que os trabalhadores não dispunham de um efetivo sistema de proteção social, sucediam-se os graves acidentes de trabalho, as doenças profissionais e a morte de crianças, mulheres e homens.
Ao demonstrar a intensificação do trabalho nesse estágio do capitalismo, Marx (1968) aponta a destruição da saúde do trabalhador e da própria força de trabalho, destacando os diferentes tipos de doenças que os acometiam e que, muito freqüentemente, levavam à morte: doenças pulmonares, cutâneas, cardíacas, respiratórias e estresse físico e mental. Os acidentes de trabalho eram inúmeros e graves, mutilando os operários (para citar alguns: perda de dedos, esmagamento de mãos, queimaduras, lesões causadas pelas