organização do trabalho pedagogico
A construção da didática no gt Didática – análise de seus referenciais*
SELMA GARRIDO PIMENTA
Universidade de São Paulo
JOSÉ CERCHI FUSARI
Universidade de São Paulo
MARIA ISABEL DE ALMEIDA
Universidade de São Paulo
MARIA AMÉLIA DO ROSÁRIO
SANTORO FRANCO
Universidade Católica de Santos
Didática: dispersão epistemológica e/ou variações em torno de um objeto complexo?
Há 355 anos, Comênio convidava os educadores a pensar na questão educacional, propondo a utopia da criação de um método que fosse capaz de ensinar tudo a todos, especialmente o domínio da leitura e da escrita, base para a compreensão e interpretação dos textos bíblicos. Nascia assim a didática, no cerne de uma verdadeira revolução social e política, contra a hegemonia do poder do clero católico na condução do destino da humanidade. Dependendo das circuns* Trabalho encomendado e apresentado no Grupo de Trabalho Didática (GT-04), na
Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação
(ANPEd), em 2010.
Revista Brasileira de Educação
v. 18 n. 52 jan.-mar. 2013
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Selma G. Pimenta, José C. Fusari, Maria Isabel de Almeida e Maria Amélia do R. S. Franco
tâncias e do momento histórico, a didática pode ser considerada como a ciência do ensino, a arte do ensino, uma teoria da instrução, uma teoria da formação ou mesmo uma tecnologia para dar suporte metodológico às disciplinas curriculares. De alguma forma, esteve sempre ligada às questões postas pelos processos de ensino, compreendidos como instrumentos de poder, a serviço de interesses diferentes e contraditórias finalidades.
Sabe-se que as formas de concretização do processo de ensino variam no tempo e no espaço, criam-se e recriam-se produzindo modelos e estruturas que caracterizam cada momento histórico. Ao focar o ensino como seu objeto de estudo, a didática precisou construir formas de compreender e dialogar com as circunstâncias que foram e estão se configurando a