Onde você esconde os eu racismo?
Cinco pessoas foram abordadas com a pergunta título deste trabalho, com a finalidade de que elas expusessem exatamente onde o seu racismo é guardado. Muito embora, a princípio, alguns dos entrevistados tenham resistido em responder verdadeiramente, dizendo que não eram racistas, acabaram revelando de maneira clara onde o seu racismo é guardado. Todos os entrevistados tem entre 26 e 53 anos, com nível de escolaridade variado, próximos e distantes de mim. A pergunta foi feita logo após explicar que era um trabalho da faculdade, de forma direta.
Primeira entrevistada: Juliana, 26 anos, universitária, loira, moradora da Tijuca.
Entrevistador: “Onde você esconde o seu racismo?”.
Entrevistada: “Não tenho problema nenhum em ter um amigo negro, porém, eu não tenho tezão em negros. Não beijaria um negro na boca, não namoraria com um negro e muito menos iria para a cama com um. Às vezes fico com medo em determinadas situações. Se eu estiver em algum lugar durante a noite e um negro estiver andando perto de mim, tenho medo que ele seja um assaltante e já guardo o meu celular. Fora isso não tem problemas com negros.”.
Segunda entrevistada: Jeanne, 41 anos, citotecnologista, morena, moradora da Freguesia.
Entrevistador: “Onde você guarda o seu racismo?”
Entrevistada: “Eu não guardo o meu racismo, eu torço logo o nariz.”.
Entrevistador: “Então quando você encontra algum negro na rua, você torce o nariz?”.
Entrevistada: “Sim, não gosto de negros que não conheço. Tenho amigos negros e me dou super bem com todos eles. Mas quando encontro algum negro e feio, com cara de bandido, mal vestido, fico com medo. Não gosto. Prefiro não ficar perto e faço o possível para não ficar perto por medo.”.
Terceiro entrevistado: Leonardo, 38 anos, engenheiro mecânico, moreno e morador da Praça Seca.
Entrevistador: “Onde você guarda o seu racismo?”.
Entrevistado: “Guardo meu racismo dentro do meu medo.”.
Entrevistador: “Como assim?”.