Oliveira Vianna
- A temática da obra é essencialmente o desencontro das regras que organizavam a vida política brasileira: constituições liberais-democráticas x prática social dominada pelas oligarquias (grandes proprietários). Existia uma defasagem (país legal x país real). As grandes propriedades de terra eram como mini-repúblicas, tamanho o poder que o proprietário detinha sobre a área.
- Diferenciação entre país legal: país das elites (constituição representa as elites das cidades) e país real: país do povo massa (predominantemente rural). Isso ocorre por conta do tipo de colonização anti-urbana exercida por Portugal, privatista e anti-igualitária. O sistema de distribuição de terras (sesmarias) levou a uma escassa vida urbana, surgida por necessidade da coroa. O meio rural acabava por representar possibilidade de trabalho, o que atraía o povo massa.
- O autor coloca a República de 1889 como uma espécia de "regressão social". Isto, pois ela tira da política nacional o contra-poder que o Império exercia frente às oligarquias (classe social que detém o poder político concentrado, seja por meio de sua nobreza, riqueza, laços familiares, empresas ou poder militar). As oligarquias, agora, se institucionalizam, assumindo cargos do Estado, tornando este um puro representando dos interesses oligárquicos.
- O clã rural: estrutura hierarquizada, complexa, composta por: senhor do feudo - já que o autor faz analogia entre clãs e feudos (senhor de engenho, sesmeiro, fazendeiro), administrador (incluindo feitor ou feitores); no mesmo plano, o capitão da fazenda, depois, a massa dos dependentes, que era muito numerosa e incluía escravos, homens livres subordinados ao poder hierárquico do senhor, os lavradores de cana, os índios administrados, os acoitados (gente de mais antecedentes, criminosos, foragidos), os sitiantes improdutivos, os índios flecheiros, os pequenos proprietários e os pequenos comerciantes.
- Os proprietários, ou