Oliveira Viana A nação e o estado
É esta mística oriunda do sentimento profundo de nacionalidade, que caracteriza os povos que se elevam, por integrações sucessivas da sua consciência coletiva, à condição de verdadeiras nações: o inglês, o alemão, o japonês - os três maiores povos, em que a mística do sentimento nacional existe com a força de um instinto profundo. Cada um destes povos, tem, realmente, um sentimento místico da comunidade nacional e este sentimento, para empregar a frase tão expressiva e profunda de Renard, «trabalha», isto é, é um sentimento militante, ativo, determinante,
Os patriotas que em 1822 levaram d.
Pedro I a proclamar a nossa independência fundaram em terras da América, um novo império. Fundando este império, teriam fundado uma Nação?
Isto importa em indagar ao proclamar a sua independência e ao realizar a sua organização constitucional, possuía o
Brasil uma política nacional, expressão das aspirações íntimas do povo, concretização dos ideais coletivos que a consciência nacional houvesse elaborado. Cada nação realmente constituída, consciente dos seus destinos nacionais, tem um programa, um
cessária às suas diretrizes administrativas?
Infelizmente, a resposta só pode ser negativa. Os homens de estado brasilei-
objetivo, uma finalidade em suma, uma
Que significa o sentimento nacional?
– pergunta Georges Renard. E responde:
que atua intimamente, inspirando as atitu-
– “É certamente uma mística que solidariza as gerações entre si, sem embargo das vicissitudes política e histórica. A nação é uma mística incorpo-
cada japonês. Cada um deles vive sob a
rada em uma população e mantida pela renovação contínua desta população. É uma mística que “trabalha”, como as ideias
“trabalham” nas instituições. A nação é uma instituição”.
sua pátria nacional, o culto do seu povo,
política nacional, que ela realiza por meio dos órgãos do Estado, com os recursos que a sua organização de poderes públicos