Olhar psicológico sobre a gravidez na adolescência
A gravidez na adolescência não é um fenômeno novo e nem mesmo uma regra geral da atualidade. Segundo Neme (apud SOUZA, 2011), até no início do século XX, a gravidez entre a idade de 12 a 19 anos ainda era considerada acontecimento habitual para os padrões culturais e para os costumes vigentes. Para Pereira (apud SOUZA, 2011) somente a partir da terceira década do século XX, a taxa de fecundidade de meninas com idade inferior a 19 anos foi diminuindo, na maioria dos países, tornando a gravidez nessa faixa etária mal vista pela sociedade. Segundo Heilborn et al. (apudSOUZA 2011), foi a partir da segunda metade do século XX, inicia-se o processo de separação entre sexo e procriação e a preservação da virgindade até o casamento foi perdendo seu significado moral. Neste contexto de transformação de comportamentos surgiu o fenômeno da “gravidez na adolescência” como elemento perturbador do desenvolvimento dos jovens.
Conforme Ozório (1992) a adolescência atualmente tem sido um fenômeno estudado por vários segmentos sociais e áreas da ciência. Nas últimas décadas a adolescência tem sido considerada como um momento crucial do desenvolvimento humano. Com relação aos motivos do aumento no número de gestações em adolescentes, Cobliner (apud PEREIRA, 2009) considera como aspecto relevante a mudança ocorrida no controle exercido pelas famílias em relação aos filhos. Afirma que este controle dos pais tem sido relaxado, os filhos tem maior liberdade de ação e os pais procuram não se tornar empecilhos na vida dos filhos. A gravidez precoce pode estabelecer relação com diferentes fatores, desde estrutura familiar, formação psicológica e diminuição da autoestima. Além disso, há evidências de que gestantes adolescentes podem sofrer mais intercorrências médicas durante gravidez e mesmo após esse evento do que as gestantes de outras faixas etárias (DIAS; TEIXEIRA, 2010, p.124).
A gravidez na adolescência constitui-se como um problema de saúde pública