Olga
No Brasil ela se tornou conhecida e ganhou relevância histórica justamente por seu envolvimento com Prestes, o mesmo que se elevou contra o governo brasileiro na então chamada Coluna Prestes e viveu quase a vida toda clandestinamente, preso ou perseguido por Getúlio Vargas. De seu rosto sem cabelos, sofrido, mas que nunca deixou de transmitir emoção e compaixão. A atriz Camila Morgado, apesar de uma interpretação um tanto mecânica, tem seu forte justamente na expressão facial, especificamente em seus grandes olhos azuis. Seus olhos representam sua força e sua ambição, sua trajetória e seu sofrimento, seu desencanto e sua esperança. É através deles que Olga se apóia como narrativa, são eles a guiar, a insistir, a dominar o centro das telas. Duas imensas bolas azuis hipnotizantes que fazem de Olga a grande heroína que o filme quer construir. Olga, uma heroína nacional, mesmo sendo estrangeira.
Os olhos de Olga são também o grande chamariz da história. Num filme em que predomina o cinza, o preto e o branco, a força de um par de olhos azuis surge como aquilo que pode fazer a diferença. Pela iluminação, muitos planos fechados e filmagens em interior, o cinza e sua monotonia gerados são sempre quebrados pelo profundo azul de seus olhos. Como no poema em que Prestes e Olga declamam ao fazerem amor e sempre relembram, “Iluminar... Iluminar como o sol, iluminar e só”. Os