Oiffa
1337 palavras
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Os olhos vermelhos e as presas afiadas em sua boca deixavam claro para mim que não era o único tipo de predador por aqui... Não era o único tipo de morto-vivo que vagava pelo mundo igualmente morto. Mas apesar de nós dois sermos mortos-vivos, éramos bem diferentes um do outro. Minha pele, por exemplo, já estava começando a se decompor com o tempo, já a de Haato permanecia intacta há mais de mil anos. Ele era o “lado bom” dos mortos-vivos, e confesso que sem querer, às vezes, me pego tendo inveja por não ter morrido e me tornado um deles. Claro que não foi esse o caso dele, Haato nasceu um vampiro, portanto nunca soube o que é ser Vivo... ser humano. Não que eu saiba muito, afinal, não me lembro de minha vida, não sei como viver de uma maneira diferente da que vivo, embora agora, com a convivência de um vampiro, eu esteja aprendendo coisas de diversas eras que jamais pensaria em aprender.O que me dói é saber que por causa da minha existência, da existência da minha “raça”, como ele se refere, não foram só os Vivos que saíram prejudicados e estão quase extintos. Seres milenares, atemporais, que sabem mais da história da humanidade do que a própria estão desaparecendo aos poucos da Terra. Haato é um dos poucos que ainda estão resistindo por aí. É difícil para os vampiros acharem sangue “limpo” sem matar humanos – porque, segundo Haato, matar os poucos humanos que existem seria o fim dos vampiros. Claro, eles podem sobreviver com sangue de animais, diferente de nós que não conseguimos comer outro tipo de carne viva além da humana... Mas não é o suficiente para mantê-los fortes para se defender de quaisquer ameaças, principalmente de seus inimigos naturais, os lobisomens, que para minha surpresa, também existem. Olho para Haato, que está dormindo – parecendo um morto-morto - em uma cadeira da classe executiva do 747, e noto que suas olheiras estão mais acentuadas. Ele não bebe sangue desde que veio comigo para a colméia. Estamos esperando que algum grupo de caça vá