Of Cio
Ari Marangon, arquiteto artesão Célia Helena Castro Gonsales
Na virada do século XIX para o XX, a busca de uma arquitetura que representasse o espírito dos novos tempos se dava a partir de vários dilemas: a relação entre tradição e a ordem social emergente, o problema do ornamento na arquitetura, a relação entre artesanato e indústria. A diversa resposta a essas questões caminharam para um consenso: a expressão direta de materiais e primazia do espaço; a fusão de ornamento e plano; a distinção entre ornamentação aplicada e ornamento como expressão da essência da forma; a expressão direta dos (novos) meios construtivos, a busca da beleza apenas na forma e não no ornamento. Na década de 20 ocorre uma consonância de expressões em direção à Nova Objetividade. A proposta da geração anterior junto à herança da estética da engenharia aliada à influência do cubismo e da arte abstrata leva a uma comunhão de idéias formativas: a arquitetura direta e imediatamente percebida é uma combinação de massas, espaços e linhas passíveis de reprodução em série. A partir dos anos 30 se dá uma recuperação da questão do oficio. A arquitetura dialoga outra vez com o artesão. A pedra, o barro, a madeira são materiais fundamentais da superfície revalorizada superfície expressiva, “ornamentada”. O revestimento recupera seu sentido original, expressivo. Nesse caminho, o arquiteto Ari Marangon, conjuga de maneira exemplar a “norma” do ser moderno universal e a “licença” do trabalho e do oficio. Seguindo essa linha de raciocínio, e lançando mão da doutrina Semperiana, este trabalho investiga as potencialidades do uso do ornamento como ofício e arte no caminho de uma “humanização” da arquitetura moderna, de um preenchimento da lacuna entre a cultura e a sociedade. A arquitetura moderna deve ser encarada como patrimônio porque possui valor histórico e valor artístico relativo. O valor histórico, neste caso, existe por se tratar de um movimento que