Ocupa O Do Sul
Dedicado a José Brochado, usina de idéias.
Agradecimentos: a Walter Neves, pelo estímulo e pelas idéias que contribuíram para melhorar este texto. A Adriana S. Dias, Fabíola
A. Silva e Jorge Eremites, pelos comentários e sugestões sempre pertinentes. A José López Mazz, pela gentileza de ter enviado seu artigo de síntese, ainda no prelo, sobre as pesquisas na “cuenca” da Lagoa Mirim, Uruguai. A Américo J.
Marques e Aloísio Karling, pela confecção das figuras. A Jane A.
Trindade, pelos comentários e apoio irrestrito. A interpretação e a abordagem são de minha exclusiva responsabilidade.
A OCUPAÇÃO
HUMANA
NA REGIÃO SUL
DO BRASIL:
ARQUEOLOGIA,
DEBATES
E PERSPECTIVAS
1872-2000
FRANCISCO SILVA
NOELLI
Laboratório de
Arqueologia, Etnologia e
Etno-História
Universidade Estadual de Maringá
E-mail:
ffnoelli@wnet.com.br
218
REVISTA USP, São Paulo, n.44, p. 218-269, dezembro/fevereiro 1999-2000
A
s pesquisas arqueológicas na Região
Sul do Brasil (1) estão completando
1 Este artigo não analisa o litoral
Atlântico, uma vez que Tania
Andrade Lima está cuidando dessa área.
128 anos. Seus estados, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná (Figu-
ra 1), constituem as áreas brasileiras mais conhecidas arqueologicamente, com cerca de 3.500 sítios localizados, diversos conjuntos tecnológicos definidos e um quadro cronológico geral que inicia há cerca de 12.000 anos antes do presente (AP). Há 18 instituições de pesquisa, diversos museus, numerosas coleções arqueológicas, um curso de pós-graduação em arqueologia iniciado em 1991 (PUCRS, mestrado e doutorado) e uma das maiores concentrações de arqueólogos do país.
Se, por um lado, existe a possibilidade de encontrar ocupações humanas anteriores a 12.000
AP, por outro, há pouca probabilidade de se encontrar conjuntos de evidências materiais de popula-
FIGURA 1
ções distintas das conhecidas até agora. Neste mo-
REGIÃO SUL
mento em que se começa a sair de uma etapa “his-
DO
BRASIL