Obras
(Texto para cursos introdutórios à Filosofia – Prof. Dr. Júlio Vasconcelos – bahiafilo@gmail.com)
1.1 - A IMPORTÂNCIA DA SOFÍSTICA
A palavra “sofista” vem de sophós (sábio) e era, de fato, como sábios que os sofistas eram vistos pelos gregos helênicos; porém, após Platão, “sofista” adquire o significado de charlatão intelectual e até hoje o emprego dessa qualificação dificilmente constitui um elogio. Aliás, em qualquer bom dicionário de língua portuguesa, pode-se encontrar a palavra “sofisma” como significando um argumento capcioso, indigno de ser considerado em uma discussão honesta e racional.
Felizmente para nós, porém, os sofistas foram reabilitados como filósofos legítimos no século XIX e, desde então, são considerados importantes na História da Filosofia por várias razões. Destas, convém adiantar algumas, que serão, a seguir, objetos de maior atenção: • eles abandonam a busca de explicações para os fenômenos da natureza e concentram-se sobre o homem; • os sofistas estão entre os primeiros que têm a Educação como profissão e a disponibilizam para homens que não pertencem à aristocracia;
• eles enfatizam o poder da retórica, a arte do bem-falar;
• os sofistas são os primeiros a propor que não há verdades absolutas nem valores morais universais.
1.2 - A VIRADA DA SOFÍSTICA PARA O NOMOS Os primeiros pensadores da Grécia ficaram conhecidos como os “filósofos da physis” devido ao fato de voltarem suas reflexões para os fenômenos da natureza como a chuva, os raios, o trovão, etc... Os primeiros desses “físicos” foram Tales, Anaximandro e Anaxímenes; também trataram da physis: Pitágoras (o do teorema, sim), Anaxágoras e Empédocles, entre outros. No século V a. C., os filósofos da sofística empreendem uma mudança decisiva: abandonam as investigações físicas e, voltando-se para a ordem humana ou nomos, procuram ensinar a boa política, caracterizar as ações virtuosas e