obras e pesquisa sobre Maquiavel e outros do renascimento artistico
Existe mais do que uma interpretação da obra, uma das interpretações, a filosófica, vê na tela duas mulheres sentadas numa fonte de mármore esculpida, uma nua e a outra vestida. São as duas Vénus, a celeste, nua, coberta apenas com um manto púrpura (cor que identifica o carácter divino nas obras renascentistas), e a terrena, vestida com um traje branco de manga púrpura. Entre elas, está Cúpido, a mexer nas águas da fonte. O facto de a mulher nua representar a Vénus celeste mostra a atribuição de valores positivos que se fazia da nudez no período renascentista, como a beleza feminina, o amor e a felicidade eterna.Diferente do que supõe o título da pintura, nome dado provavelmente no final do século XVII, a obra não se trata de uma oposição entre dois tipos de amor. Existia no renascimento a crença de que a beleza sem ornamento é superior à beleza adornada, e que a forma de amor celeste, que aprecia uma beleza superior à que chamamos realidade, é mais elevada que a forma de amor terrena, que aprecia uma beleza pertencente ao mundo material. Porém, as duas formas de amor, representadas pela dupla de Vénus, buscam a beleza, cada uma à sua maneira, mas ambas são nobres e dignas de serem veneradas. Assim, segundo a interpretação do historiador da arte Erwin Panofsky, na obra está presente um diálogo de amor, dentro de um espírito de persuasão. O