Obras CL

Felicidade Clandestina
A crônica narrada em primeira pessoa retrata a primeira experiência de uma menina “esguia, altinha e de cabelos livres” com um livro. No entanto, o livro tão cobiçado por esta pertence à uma segunda menina, com traços ríspidos, que inventa as mais diversas desculpas para não emprestar o livro, dizendo sempre para que volte no dia seguinte. Certo dia, a mãe que talvez tivesse estranhado aquelas visitas mudas e diárias, desmente a filha e entrega o livro à narradora, que passa a apreciar o livro como se este fosse seu amante. A obra apresenta um cunho biográfico, comprovado pela própria irmã da escritora dizendo que se lembra da tal “menina má”.
O tema da crônica é focado no conceito de “felicidade”. Nela, a escritora parece estar em constante questionamento sobre “afinal, o que é felicidade?”. A narradora aparenta saber bem o dito popular “felicidade é bom, mas dura pouco”, haja vista que ela se utiliza de todas as formas para prolongar seu sentimento de felicidade. Uma vez que ela ganhou a permissão para ficar com o livro pelo tempo que desejasse, ela o deixa no quarto e finge esquecer que o possui, só para se redescobrir possuidora dele.

“Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade.” Dessa maneira, a felicidade se mostra como “clandestina”, já que, nem ela mesma pode se conscientizar de sua própria felicidade para que esse sentimento não acabe. Implica-se, portanto, que a felicidade deve ser descoberta a todos os momentos e nas coisas mais simples.

O ovo e a galinha

Um dos contos mais metafóricos de Clarice. A partir da visão de um ovo que está sobre a mesa, cria-se uma reflexão