Obra de arte.
É nesse cenário que desponta a produção de Vânia Mignone. Aparentemente tardias suas pinturas insistiam em trafegar por uma iconografia apropriada da cultura de massa e da cultura de extração popular. Entre o outdoor e a xilogravura, no entanto, a artista, ao mesmo tempo em que dava prosseguimento à ressignificação de imagens tiradas direta ou indiretamente de nossa complexa cultura visual, constituía um caminho próprio que, passados vinte anos, nos atesta uma dimensão precursora de uma parcela importante da atual produção pictórica.
Sempre com um pé atrás frente à velocidade da cena artística atual, que despeja no circuito artistas e mais artistas que “retornam” à pintura – muitas vezes ávida pelo consumo rápido de certos colecionadores desesperados em busca da última “novidade” –, cabe a um museu de arte contemporânea chamar a atenção do público para valores concretos que, para além das novidades que o mercado tenta impor, se destacam a partir de poéticas que se consolidam e se renovam na constituição cotidiana de poéticas sólidas. Foi tal convicção que levou o MAC USP a convidar Vânia Mignone a celebrar seus vinte anos de carreira junto ao público do Museu, a partir de uma exposição que, enfatizando sua produção mais recente, não prescinde de oferecer uma visão panorâmica dessas duas décadas de