Objetividade no jornalismo
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
R. Marquês de São Vicente, 225 - Gávea, Rio de Janeiro - RJ, 22451-900 Resumo
Neste artigo, analisa-se como a objetividade pode ser vista e relacionada a um procedimento disciplinar, ritualizado no intuito de neutralizar potenciais críticas. Discute-se o conceito da objetividade jornalística como um processo disciplinar, que o profissional precisa seguir no desenvolvimento de sua atividade jornalística, a partir dos estudos de Tuchman (1993), Traquina (2005), Soloski (1993), Dardenne e Bird (1993) através de um paralelo com que Foucault (2012) relata em seus estudos sobre o exercício do poder e do controle. Baseado nesses estudos, apresenta-se a obra “Afirma Pereira”, de Antônio Tabucchi, mostrando os limites que o jornalista tem na publicação de suas informações em função da política editorial do jornal e como os obituários conquistaram espaços midiáticos relevantes. Palavra-chave: Objetividade, disciplina, jornalismo, profissionalismo e obituários.
1 - A Objetividade jornalística como disciplina profissional
Em função das diversas pressões que os jornalistas passam nas redações dos veículos de comunicação, do seu pouco tempo na coleta e elaboração das informações ou até mesmo perante as exigências de seus superiores e dos críticos, a objetividade é utilizada por esses profissionais como uma forma de se respaldar, ou mesmo, se justificar de possíveis críticas e pressões no seu campo de atuação.
Gaye Tuchman (1993: 74), diz que “a objetividade pode ser vista como um ritual estratégico, protegendo os jornalistas dos riscos da sua profissão”. Na visão de Soloski (1993: 96), a objetividade é uma norma profissional mais importante, e dela fluem aspectos mais específicos do profissionalismo jornalístico, como o new judgement3, a seleção das fontes e a estrutura das organizações jornalísticas.