NÍSIA FLORESTA E O PAPEL SOCIAL DA MULHER NO BRASIL OITOCENTISTA (1831-1840)

INTRODUÇÃO

Na primeira metade do século XIX, o cenário brasileiro foi marcado pelo fim do reinado de D. Pedro I e o período de efervescência política das Regências (1831-1840). O avanço das idéias liberais, vindas da Europa, incentivou diversas revoltas, disseminando por todo o território nacional reivindicações por mudanças sociais. Neste contexto, a imprensa periódica foi um espaço privilegiado de criação da opinião pública e de enfrentamento entre liberais e conservadores em torno de diversos projetos políticos para o Império.
O presente trabalho aborda o período regencial, com o objetivo de elucidar a posição da mulher na sociedade e na cultura política da época, entendendo por cultura política, de acordo com Héctor Gaona (apud Fantinel, 2010, p.5), “o universo simbólico associado ao exercício e às estruturas de poder”.
Procura-se compreender as formas de expressão e atuação feminina no Brasil oitocentista, a partir da trajetória de Nísia Floresta, sua inserção no espaço público, e seu posicionamento crítico a respeito dos valores, normas e padrões de conduta que modelavam a identidade da mulher àquela época.
A elaboração deste trabalho baseou-se numa pesquisa bibliográfica, em que as fontes selecionadas para análise abrangem estudos históricos sobre o Período Regencial brasileiro, sobre a história das mulheres no Brasil e sobre a vida de Nísia Floresta.
O texto está dividido em três capítulos. O primeiro enfoca a sociedade brasileira no Período Regencial (1831-1840), contexto em que se destacam diferentes projetos políticos. Esses projetos envolvem segundo Evelina Dagnino (apud Fantinel, op. cit.) um conjunto de “crenças, interesses, concepções de mundo, representações do que deve ser a vida em sociedade, que orientam a ação política”.
O segundo capítulo aborda a trajetória de Nísia Floresta, com base nos estudos de Tânia Regina Zimmerman e Márcia Maria de Medeiros, particularmente a obra Biografia e Gênero: repensando o feminismo