nãotemnada
3099 palavras
13 páginas
Profissão GeógrafoO sexto planeta era dez vezes maior. Era habitado por um velho que escrevia livros enormes.
- Bravo ! Eis um explorador ! Exclamou ele, logo que viu o principezinho.
O principezinho assentou-se na mesa, ofegante. Já viajara tanto!
- De onde vens? Perguntou-lhe o velho.
- Que livro é esse? Perguntou-lhe o principezinho. Que faz o senhor aqui?
- Sou geógrafo, respondeu o velho.
- Que é um geógrafo? Perguntou o principezinho.
- É um sábio que sabe onde se encontram os mares, os rios, as cidades, as montanhas, os desertos.
É bem interessante, disse o principezinho. Eis, afinal, uma verdadeira profissão! E lançou um olhar, em torno de si, no planeta do geógrafo. Nunca havia visto planeta tão majestoso.
- O seu planeta é muito bonito. Haverá oceanos nele?
- Como hei de saber? Disse o geógrafo.
- Ah! (O principezinho estava decepcionado). E montanhas?
- Como hei de saber? Disse o geógrafo.
- E cidades, e rios, e desertos?
- Como hei de saber? Disse o geógrafo pela terceira vez.
- Mas o senhor é geógrafo!
- É claro, disse o geógrafo; mas não sou explorador. Há uma falta absoluta de exploradores. Não é o geógrafo que vai contar as cidades, os rios, as montanhas, os mares, os oceanos, os desertos. O geógrafo é muito importante para estar passeando. Não deixa um instante a escrivaninha. Mas recebe os exploradores, interroga-os, anota as suas lembranças. E se as lembranças de alguns lhe parecem interessantes, o geógrafo estabelece um inquérito sobre a moralidade do explorador.
- Por quê?
- Porque um explorador que mentisse produziria catástrofes nos livros de geografia. Como o explorador que bebesse demais.
- Por quê? Perguntou o principezinho.
- Porque os bêbados veem dobrados. Então o geógrafo anotaria duas montanhas onde há uma só.
- Conheço alguém, disse o principezinho, que seria um mau explorador.
- É possível. Pois bem, quando a moralidade do explorador parece boa, faz-se uma investigação sobre a sua descoberta.
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