Não sei se é sonho, se realidade
Este poema tem como base a procura da felicidade. Pode ser inserido na temática “Sonho/Realidade”, sendo também esta a dicotomia mais presente no texto. O primeiro verso do poema começa com “Não sei”, que de certa forma nos apresenta um sujeito poético com dúvidas, que se desconhece, a estrofe continua “Não sei se é sonho, se realidade”/”Se uma mistura de sonho e vida”/”Aquela terra de suavidade”/”Que na ilha extrema do sul se olvida”/”É a que ansiamos. Ali, ali”/”A vida é jovem e o amor sorri.”, o eu poético está confuso, com dúvidas quanto há possibilidade de alcançar esta ilha. Este lugar é a representação do sonho, uma ideia de felicidade e de paraíso. O objectivo do sujeito poético é encontrar esta “ilha extrema do sul” que ansiamos e onde “a vida é jovem (imortalidade) e o amor sorri” (não há solidão).
Na segunda estrofe, Fernando Pessoa apercebe-se de que “Talvez” aquela terra é apenas uma ideia, algo inatingível, um sonho. Estes palmares inexistentes e áleas longínquas são apenas ilusões mas Pessoa continua e diz “Sombra ou sossego deem aos crentes”/”De que essa terra se pode ter.” ou seja, a felicidade ainda é uma possibilidade, remota (“talvez, talvez”) mas possível visto que nós já fomos felizes, “Naquela terra, daquela vez”. Este último verso da 2ª estrofe transporta-nos para o mito do paraíso dado por Vénus aos portugueses, a ilha dos Amores.
O sonho é um processo intelectual e tendo em conta que neste poema o sonho representa a felicidade, podemos daqui retirar que a felicidade é uma felicidade intelectualizada isto é, perde as suas características, o que é confirmado “Mas já sonhada se desvirtua” (fingimento poético) /”Só de pensá-la cansou pensar,” (dor de pensar). Nesta estrofe o eu poético apercebe-se de que nesta ilha também há males (“Sente-se o frio”, “O mal não cessa, não dura o bem”). A 3ª estrofe começa com “Mas”, transpondo logo uma mudança de opinião por parte do sujeito poético.
É na 4ª estrofe,