não considero uma informação util
– em busca dos primeiros americanos. São Paulo, Editora
Globo, 2008. 334 p.
MARIA CECÍLIA MANZOLI TURATTI
Hugo Chávez adoraria ler O povo de Luzia
– em busca dos primeiros americanos, de Walter
Alves Neves e Luís Beethoven Piló. A luta da ciência sul-americana para validar descobertas pouco simpáticas ao todo-poderoso mainstream científico norte-americano certamente inflamaria o já mais que candente sentimento antiimperialista do comandante venezuelano.
Não se demole um dogma científico com pouco dinheiro, pouca competência e falta de vocação para a briga. Se o dogma tiver sido construído por uma comunidade acadêmica financeiramente poderosa e arrogante, como a norte-americana, essa máxima pode chegar a requintes de crueldade (p.72).
Para nos informar das evidências científicas que motivaram essa peleja, os autores apresentam o carste de Lagoa Santa, Minas
Gerais, explorado desde 1834 pelo naturalista dinamarquês Peter Wilhelm Lund. No relevo calcáreo de Lagoa Santa, Lund (em meados do século XIX) e a arqueóloga francesa Annete
Laming-Emperaire (nos anos 1970) encontraram vestígios fósseis capazes de abalar o paradigma científico dominante no que concerne às origens da presença humana no continente americano. O Clovis-first/Clovis-like – nome derivado das pontas Clovis, principal produto da indústria lítica dos pretensos primeiros colonizadores da América – é o modelo de ocupação estabelecido pela comunidade arqueológica norte-americana. Segundo os clovistas, a pre-
sença humana no continente data de 11,4 mil anos e os primeiros americanos – representantes de um único estoque biológico, conhecido popularmente como mongolóide (biotipo asiático dominante) – teriam chegado pelo estreito de Bering à região norte do continente. Para se espalhar pela América, esses pioneiros teriam usado um ice-free corridor a leste das Montanhas Rochosas. Sendo assim, a presença humana nas partes