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Nessa perspectiva analítica, os imigrantes seriam as principais vítimas dos efeitos perversos da globalização – que, enquanto, por um lado, acirra desigualdades regionais em nível mundial, impulsionando movimentos migratórios de massa nos países que perderam o jogo do desenvolvimento. Por outro lado, impõe a alguns setores econômicos como, por exemplo, o setor de confecção, padrões de competitividade que passam a se sustentar por processos de super exploração da força de trabalho em amplos circuitos de subcontratação.
Todos os domingos, a Praça Padre Bento, em frente à imponente Igreja Santo Antônio do Pari, em São Paulo, se transforma no cenário de uma Dezenas de imigrantes sul-americanos oferecem-se como força-de-trabalho para os coreanos que mantém oficinas de costura na cidade. As condições de trabalho pouco variam: jornada de 16 horas diárias e um cativeiro que só pára da tarde de sábado à noite de domingo. (...) A partir das 18h, os primeiros imigrantes – na maioria bolivianos em situação irregular o país – chegam à praça e vão se agrupando nos bancos sob as árvores e nos bares das redondezas. Por volta das 21h, o mercado informal estabelecido na Praça Padre Bento já concentra cerca de 100 clandestinos. É nesse momento que os primeiros donos das oficinas chegam e transformam a praça numa bolsa de ofertas, misturando palavras em português, espanhol e coreano (O GLOBO, 13 dez. 1992).
Essa forma de organização da produção dos imigrantes coreanos – a partir do trabalho informal de imigrantes bolivianos, sem documentação, em pequenas oficinas de costura irregulares –