Novo testamento
a crítica textual e a crítica genética: um breve histórico – brian gordon
Introdução
Segundo West, “todo aquele que deseja fazer uso sério dos textos antigos deverá prestar atenção às incertezas da transmissão” (WEST, Martin L., 2002: 8). As incertezas mencionadas por West são decorrentes da manipulação dos textos antigos pelos próprios autores e pelos copistas, que os modificaram e desencadearam um processo de discrepância textual que dificulta o exercício de leitura e interpretação dos mesmos. As dificuldades se tornam imprescindíveis à crítica. No caso da crítica textual, que é a faculdade ou arte de analisar as obras, em particular aquelas de caráter artístico ou literário, o que se analisa são a redação e a transmissão do texto, com vistas a compreender os processos de estabelecimento do mesmo.
As discrepâncias textuais, cada uma delas presente nas chamadas “testemunhas”, são variantes em relação à lição original contida nos textos autógrafos. Uma parcela considerável de manuscritos antigos apresenta inovações inseridas por copistas, sendo muitas delas significativas (MAAS, Paul, 1980: 78). A partir da reunião de todos os manuscritos disponíveis de um texto (recensio), as variantes significativas ficam evidentes, e cabe ao crítico textual analisá-las.
Este artigo procura expor brevemente como tais análises foram realizadas e as implicações das mesmas na história da pesquisa. O artigo também procura descrever em linhas gerais as condições fundamentais para leitura e interpretação de textos mediante a consideração da crítica genética.
Breve história da crítica textual
A história da crítica textual tem início com as edições críticas, principalmente de textos homéricos, propostas pelos alexandrinos Zenódoto de Éfeso (c. 280 a.C.), Erastóstenes de Cirene (c. 236-194 a.C), Aristófanes de Bizâncio (c. 257-183 a.C.) e Aristarco de Samotrácia (c. 310-230 a.C.). Os autores