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Um breve olhar histórico sobre a educação de surdos¹ A educação dos surdos é um tema atual e muito importante, já que existem inúmeros professores que vivenciam situações em sala de aula com esses alunos. Para dar início a essa discussão, farei uma breve revisão histórica sobre a educação dos surdos, destacando o lugar relevante que o desenvolvimento da fala sempre ocupou e o papel secundário que foi ocupado pelo ensino da linguagem escrita. Cabe ressaltar que o objetivo não é analisar fatos e conceitos históricos, mas resgatar a trajetória de iniciativas e tendências no ensino do surdo até a atualidade. Até o século XV as idéias vigentes sobre os surdos e a surdez tinham conotações bastante negativas. Na Antigüidade, os surdos eram considerados seres castigados pelos deuses. Para Aristóteles (384-322 a.C.), as pessoas que nasciam surdas eram também mudas e, conseqüentemente, não podiam falar nenhuma palavra. Segundo Aristóteles, para atingir a consciência humana, tudo deveria penetrar por um dos órgãos do sentido, e ele considerava a audição o canal mais importante de aprendizado. O veredicto de Aristóteles de que os surdos não eram treináveis permaneceu por séculos sem ser questionado. Já os romanos diziam que os surdos que não falavam não tinham direito legal. Os surdos romanos não podiam fazer testamento e precisavam de um curador para todos os seus negócios. Até mesmo a Igreja Católica afirmava que sua alma não era imortal, porque eles eram incapazes de dizer os sacramentos. Ainda em Roma, no século VI, durante o reinado do imperador Justiniano, foi formulado o Código Justiniano, que forneceu a base para a maioria dos sistemas legais na Europa moderna. Esse código fazia distinção entre a surdez e a mudez e ordenava que as pessoas que nascessem surdas e mudas não poderiam fazer testamento nem receber herança. Mas, se a pessoa