Novelas de cavalaria
Além de tão magnífica floração lírica, a época do Trovadorismo ainda se caracteriza pelo aparecimento e cultivo das novelas de cavalaria.
Originárias da Inglaterra ou/e da França, e de carácter tipicamente medieval, nasceram da prosificação e metamorfose das canções de gesta (poesia de temas guerreiros) estas, alargadas e desdobradas a um grau que transcendia qualquer memória individual, deixaram de ser expressas por meio de versos para o ser em prosa, e deixaram de ser cantadas para ser lidas. Dessa mudança resultaram as novelas de cavalaria, que penetraram em Portugal no século XIII, durante o reinado de Afonso III. Seu meio de circulação era a fidalguia e a realeza. Traduzidas do Francês, era natural que na tradução e cópia sofressem voluntárias e involuntárias alterações com o objectivo de aclimatá-las à realidade histórico-cultural portuguesa. Nessa época, não há notícia de qualquer novela de cavalaria autenticamente portuguesa: eram todas vertidas do Francês.
Convencionou-se dividir a matéria cavaleiresca em três ciclos:
* ciclo bretão ou arturiano, tendo o Rei Artur e seus cavaleiros como protagonistas;
* ciclo carolíngio em torno de Carlos Magno e os doze pares de França;
* ciclo clássico, referente a novelas de temas Greco-latinos.
Tratando-se da Literatura Portuguesa, essa divisão não tem cabimento, pois só o ciclo arturiano deixou marcas vivas de sua passagem em Portugal. Sabe-se que os demais ciclos foram conhecidos e exerceram alguma influência, mas apenas na poesia do tempo, visto que não se conhece em vernáculo nenhuma novela de tema carolíngio ou clássico.
Sabe-se, ainda, que na biblioteca de D. Duarte (1391-1438) existiam exemplares de algumas novelas como Tristão, o Livro de Galaax, o Mago Merlim, o que revela o alto apreço em que eram tidas e a grande influência que exerceram sobre os hábitos e costumes palacianos da Idade Média portuguesa. Exceptuando o Amadis de Gaula somente permaneceram as seguintes: História de