Nova classe media
Valério Arcary
Redução da expectativa de mobilidade social pelo aumento da escolaridade.
Une porte doit être ouverte ou fermée (Uma porta deve estar aberta ou fechada)
Sabedoria popular francesa
O que tem de ser, tem muita força
Sabedoria popular portuguesa
Much ado about nothing (Muito barulho sobre nada)
Sabedoria popular inglesa
Diminuiu ou não a desigualdade social no Brasil? A mobilidade social está mais intensa ou não? Está se formando uma nova classe média? Como dizem os franceses, a porta da ascensão social está aberta ou fechada? O tema alimenta uma polêmica na qual não existem posições ingênuas. O Brasil de 2010 é um pouco menos miserável, um pouco menos ignorante, as desigualdades regionais internas são um pouco menos acentuadas que há trinta anos atrás. Mas, a sociedade brasileira não é menos injusta. O argumento deste artigo é que, como o Brasil se transformou em uma economia periférica de baixo crescimento, perdeu-se o principal fator de impulso da mobilidade social que existiu até 1980.
O crescimento médio real anual do PIB, por exemplo, nos 10 anos que vão de 1995 a 2004, período inicial de estabilização da moeda nacional foi somente de 2,4%.[1] Entretanto, segundo informações disponíveis do IBGE, a população economicamente ativa (PEA) era estimada: em 1985, em 55,0 milhões; em 1990, 64,5 milhões; em 1995, 74,2 milhões; em 2000, 77,5 milhões, em 2010, 95,21 milhões. A curva demográfica brasileira é, ao mesmo tempo, fascinante e inquietante: todos os anos, mais ou menos 1 milhão de jovens brasileiros procuram o primeiro emprego. Isso mostra o dinamismo da expansão da força de trabalho disponível, e a necessidade de altas taxas de crescimento do PIB para reduzir o desemprego. A dimensão desse crescimento da PEA pode ser avaliada, plenamente, se compararmos os dados do