Notas sobre a história de jacuizinho
Clara Luiza Montagner*
Através de pesquisas e leituras diversas, percebi que a história de Jacuizinho começa bem antes do que muitas pessoas imaginam. Prova disso são os registros paroquiais de terras, a Coleção Varela, registros de batismo, inventários, compra e venda de escravos, entre outros documentos. Diz Zarth (1997, p.23): “É necessário reportar-se aos primeiros ocupantes da terra, independentemente do sistema produtivo que adotem, pois é nessa fase que são construídas muitas características que marcarão o espaço, de tal forma que, mesmo com a imigração posterior de novos colonizadores, estarão ainda presentes”. Por esta razão, é importante saber quem foram, de fato, os primeiros ocupantes da região, no presente caso, de Jacuizinho, excetuando-se os índios, que obviamente foram os primeiros a perambular na área em questão. Segundo Zarth (1997, p.34), “em 1850, os campos nativos de toda a região já estavam todos ocupados” por militares ou tropeiros, ao se referir ao município de Cruz Alta, ao qual pertencia a área de Jacuizinho até 1875, quando foi criado o município de Soledade. Durante minhas pesquisas sobre a história de Estrela Velha e de Salto do Jacuí, das quais resultaram os livros Estrela Velha: sua história, sua gente e Salto do Jacuí: de Potreirinho a Capital da Energia Elétrica, constatei que Jacuizinho era o centro de referência para estes munícipios, pois era a sede do 5º Distrito de Soledade, de 1879 até 1954. Como nos municípios estudados, também existem registros paroquiais de terras datados de 1856. Estes registros surgiram em decorrência da Lei Imperial 601, de 18 de setembro de 1850, e de sua regulamentação através do Decreto 1.318, de 30 de janeiro de 1854, a chamada Lei das Terras. Desejando saber quais as terras que ainda estavam disponíveis (terras devolutas) para destinar aos imigrantes estrangeiros, o governo imperial determinava, através destes instrumentos legais, que todos os