Notas sobre a Histeria
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE PSICOLOGIA
WAGNER SOUZA SALDANHA
CLÍNICA PSICANALÍTICA: NOTAS SOBRE A HISTERIA
FLORIANÓPOLIS
2013
Apresentação
A leitura da obra de Freud suscita muitos questionamentos. Diante de um caso clínico como o apresentado no texto Fragmento da análise de um caso de histeria, deparamo-nos com temas densos, abordados pelo autor em diferentes momentos de sua obra e a partir de patamares distintos de desenvolvimento teórico. Deste modo, a abordagem de questões téoricas requer o cuidado de não tomarmos como simples, temas que são de extrema complexidade.
Nosso objetivo, portanto, neste trabalho, foi destacar e aproximar alguns aspectos teóricos da clínica psicanalítica e da histeria, ampliando a compreensão e a apropriação dos conhecimentos trabalhados em sala de aula durante o curso de Clínica Psicanalítica. Para tanto, baseamo-nos principalmente no caso clínico de Freud conhecido como “Caso Dora”, e nas contribuições de Sonia Penna. Em suas Observações introdutórias a uma metapsicologia da neurose obsessiva, Penna (1975) reapresenta a neurose obsessiva opondo-a a histeria, numa relação de complementaridade, tal qual Freud o fez. Ao diferenciar essas duas entidades clínicas, Penna traz contribuições valiosas para a compreensão da histeria. Deixamos de lado a preocupação em diferenciar a neurose histérica da neurose obsessiva, ainda que, por vezes, esta tenha servido de apoio em nosso objetivo.
Dentre a variedade de temas de estudo possíveis a partir da leitura desse caso clínico de Freud, optamos atentar para as causas específicas e os mecanismos histéricos, bem como para questões sobre o discurso próprio da histeria e sobre a técnica psicanalítica.
O trauma psíquico Segundo Freud (1905), o trauma psíquico é uma condição importante na constituição da neurose histérica, ainda que seja insuficiente para a gênese de um quadro patológico. Duas