Notas Sobre "História do pensamento econômico"
CAPÍTULO 3: O conflito latente no pensamento mercantilista.
No contexto da Idade Média, diz-se facilmente que a instituição que organizava a esfera política, social e econômica era a Igreja. Nessa fase, a ética paternalista cristã predominava na sociedade, condenando a aquisição de bens materiais e lucro excessivo, pois, de acordo com a Igreja, a busca por lucros de maneira ilimitada era prejudicial aos interesses do país e à harmonia social. Assim, a Igreja constituía grande parte da influência sobre os indivíduos exercendo na sociedade um papel assistencialista.
Com o advento dos Estados Modernos, e principalmente na Inglaterra, as funções da Igreja foram secularizadas: ela deixou de influenciar e esfera política e econômica, bem como foi afastada da assistência social. Assim, os Estados tiveram que exercer esse papel. Na Inglaterra foram concedidas patentes de monopólio, estimulou-se o comércio, criou-se o estatuto de regulamentação do trabalho e a lei dos pobres. Elevou-se então a ideia de que o Estado tinha a obrigação de servir a sociedade, se responsabilizando pelo bem estar geral da população.
Com a Revolução Gloriosa - afastamento do absolutismo -, a ascensão da pequena nobreza e da classe média marcou o posto máximo da filosofia individualista (trazida com a Reforma Protestante) que foi a base para o pensamento liberal clássico. Esse pensamento supera a ética paternalista cristã, transformando o trabalho e a acumulação de riqueza em virtudes/chamamentos divinos. Com o tempo, os lucros viriam a ser explicados como o sucesso na vocação escolhida por cada indivíduo.
Quanto as políticas econômicas do período, o liberalismo defendia o afastamento do Estado nas questões econômicas com a implantação de um mercado livre que encontraria seu equilíbrio sozinho por meio da competitividade (John Hales chegou a dizer que problemas como a fome seriam resolvidos pois a busca pelo lucro ampliaria a produtividade