Noite de almirante
Narrador- Deolindo Venta-Grande saiu do arsenal da marinha e enfiou pela rua de Bragança. O navio dele voltou de uma longa viagem e após dez meses foi atrás de Genoveva. Eles começaram a paixão três meses antes da viagem. Tinham se conhecido em uma casa de terceiro e se apaixonaram um pelo outro. Deolindo tinha uma viagem à serviço e ficaria ausente por dez meses. Genoveva se dispôs a ir junto, mas Inácia que morava com ela, não concordou. Então eles fizeram um juramento de fidelidade.
Deolindo- Jura por Deus que está no céu. E você?
Genoveva- Eu também.
Deolindo- Diz direto.
Genoveva- Juro por Deus que está no céu; a luz me falte na hora da morte.
Narrador- Estava celebrado o contrato. Os dias foram passando e após dez meses Deolindo volta com seu navio. Lá vai ele agora, até ao principio da Gamboa, onde mora Genoveva. Deolindo preparava uma palavra para dizer ao vê-la.
Deolindo- “Jurei e cumpri”.
Narrador- Mas procurou outra melhor... Ao chegar a casa de Genoveva, bateu na porta e a velha Inácia abriu a porta com grandes exclamações de prazer. Deolindo, impaciente, perguntou por Genoveva.
Inácia- Nem me fala nessa maluca.
Deolindo- Mas que foi? Que foi?
Inácia- Não é nada. Genoveva anda com a cabeça virada.
Deolindo- Mas virada por que?
Inácia- Está com um mascate, José Diogo.
Deolindo- Onde ela está morando?
Inácia- Na praia Formosa, antes de chegar à pedreira.
Narrador- Deolindo não quis ouvir mais nada. Foi atrás de Genoveva. Não por acaso ao passar pelo local viu Genoveva sentada na janela. Ela, vendo o vulto de um homem, levantou os olhos e deu com o marujo.
Genoveva- Que é isso? Quando chegou? Entre, seu Deolindo. Sente-se.
Deolindo- Sei de tudo.
Genoveva- Quem lhe contou?
Narrador- Deolindo levantou os ombros.
Genoveva- Fosse quem fosse, disseram-lhe que eu gostava muito do moço?
Deolindo- Disseram.
Genoveva- Disseram a verdade.
Genoveva- Pode acreditar que pensei muito e muito em você. Mas