no limite da porta da cozinha
Michelle Rosa dos Santos *
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*Aluna de graduação em sociologia na universidade de Brasília - UnB. Participante do projeto: trabalhadoras invisibilizadas: Trabalho, cidadania, saúde, educação e violência do edital 2011/2012 PROIC/CNPQ/UNB. Orientada por Joaze Bernadino-Costa.
Neste artigo, baseado em dados analisados de 10 entrevistas feitas com trabalhadoras domésticas no Distrito Federal e pesquisa teórica analisaremos o trabalho doméstico a partir da lógica escravista. Nosso interesse é perceber até que ponto esse período histórico influência na construção do trabalho doméstico hoje. Para essa análise precisamos desdobrar três eixos tidos como transversais ao tema, são eles: gênero Raça e Classe.
Palavras-chave: Mulheres negras, exclusão, escravidão , violência, Racismo.
BRASÍLIA – 2012
Introdução
O trabalho doméstico tem sua origem no trabalho escravo, sendo ele antes exercido pelas escravas, chamadas de mucamas, e agora pelas trabalhadoras domésticas, tendo diversas lógicas escravistas ainda em voga nos dias de hoje. Chirly dos Santos-Stubbe (Santos-Stubbe, 1997, p. 52), em seu artigo Cultura, cor e etnicidade:A questão da etnicidade entre as empregadas domesticas1, pontua que, após 350 anos de escravidão legalizada no Brasil, ainda hoje carregamos na nossa estrutura social dezenas de resquícios econômicos, políticos, sociais e étnicos ligados a esta época da nossa historia. A partir disto, ela conclui: “Uma dessas relíquias, entre tantas outras, é a atividade hoje legalmente reconhecida e chamada de profissão: trabalho doméstico remunerado.” Partindo-se deste pressuposto histórico, podemos entender o universo do trabalho doméstico no Brasil.
O trabalho doméstico representa a maior categoria de trabalho assalariado feminino do país. Existem sete milhões de trabalhadoras domésticas, sendo