No limiar do século XXI
Os seres humanos por muito tempo acreditaram que o futuro pertencia a Deus, mas no fim desse século gostaríamos de saber o que o futuro nos reserva. A ficção científica pertencente a cultura popular de nossa época dedica-se com frequência ao exercício da predição.
Um exemplo são as cenas iniciais do filme Blade runnrer: o caçador de androides, de Ridley Scott, que encenam o futuro em 2019 com mudanças climáticas, carros voadores e o aumento de pobreza. Como a maioria das obras não indica nada de bom para o futuro próximo o que significa um juízo negativo acerca do nosso século XX.
O que Ciro Flamarion Cardoso exemplifica e que a imagem do futuro que temos está marcada por experiências passadas e sobretudo presente daquele que emite. O que vai acontecer dependerá em maioria de coisas que não começaram a acontecer ou que ainda não percebemos. Em suma o futuro é em grande medida imprevisível. Quando falamos dele estamos falando do presente e de como o interpretamos poder ser o futuro.
Desde fins do século passado antes do surgimento da futurologia, os prognósticos sobre o futuro são feitos de forma a pretender ser racional, permitindo novas atitudes diante do tempo distinguindo sociedades recentes das de outras épocas da história da humanidade.
As revoluções sociais e políticas contemporâneas – França, de 1830, e de 1848, Comuna de Paris, revolução Russa de 1917 etc. – desencadearam a percepção coletiva de que as sociedades humanas são mutáveis. Isso pode ocorrer por meio de transformações longas e lentas onde os indivíduos parecem não ter controle sobre a situação, a curto prazo parecem dar ilusão que estão ligados à vontade e a decisão. Essa dinâmica abre caminho para que historiadores perceberem os processos lentos de mudança no tempo e a visão de previsão do futuro sem reconhecer elementos sobrenaturais. A percepção do tempo também mudou por outro caminho. Desde que Darwin propôs a teoria da evolução das espécies no