No dia 19 de outubro de 1913
O sangue artístico já corre nas veias da minha família, assim como minha mãe Lidia e minha avó Celestina, toco piano com maestria entre outros instrumentos. Já meu lado poeta, herdei de meu pai. Um tímido ex-professor de francês, um verdadeiro poeta amador... Daqueles que segue o exemplo parnasiano, que se preocupa com a forma e não abre mão das rimas e prefere a objetividade. Mas ele não publicou nenhum de seus escritos, apenas os mantia escondidos na gaveta.
E foi dessa gaveta que comecei a tirar inspirações para meus primeiros poemas. E foi dessa mágica gaveta que saiu o poema que entreguei pra minha primeira paixão – a primeira de muitas, aliás, casei-me 9 vezes, né?!
Aos 9 anos, eu queria conquistar minha colega de classe Maria Cacimiran, apelidada de Cacy, mas ainda inexperiente na arte da lábia, roubei do meu pai os seguintes versos, dos quais muda apenas o último:
“Quantas saudades eu tenho
De ti oh flor primorosa
Quem em tudo és gentil e meiga
Que em tudo és tão graciosa
Oh quantas saudades quantas
De ti meu bem lá se vão
Como uma garça voando
Cerrando o meu coração
Se eu pudesse descrevê-las
Oh quantas, quantas não são
Mas só de ti, são só tuas
Cacizinha do meu coração”
Mas a partir daí, tomei vergonha na cara e decidi escrever meus próprios versos.
Minha paixão pela mulheres se mostra assim, desde cedo, elas são meu combustível para colocar sentimentos no papel. Ao longo da vida, casei-me oficialmente nove vezes, com pouco ou nenhum intervalo de tempo entre uma união e outra. Para elas, escrevei inúmeras poesias e canções que se tornaram famosas no Brasil e, em alguns casos, também fora dele. “Ele não conseguia ficar sozinho. Não aceitava a vida se não estivesse em estado de paixão. Não só pelas mulheres, mas também pelos amigos, de quem tinha