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1672 palavras 7 páginas
O nó e o ninho
Michelle Perrot -- Veja: Reflexões para o futuro -- 1993
A família, tal qual a herdamos do século XIX, está em frangalhos. Isso assusta ? Não, argumenta a historiadora francesa Michelle Perrot. Uma outra está a caminho: a que tenta conciliar a liberdade individual com os laços afetivos do velho lar.
Quem fala de pulverização da família moderna faz implicitamente referência a uma idade de ouro situada no passado. Citam-se com freqüência a Idade Média ou mesmo o século XIX como momentos de equilíbrio ideal. Trata-se de uma ilusão de ótica. A história da família é longa, não linear, feita de rupturas sucessivas. Toda sociedade procura acondicionar a forma da família a suas necessidade e fala-se em "decadência" freqüentemente para estigmatizar mudanças com as quais não concordamos.
No final do século XIX eram os donos da ordem social e moral que apontavam para essa decadência por temor da emancipação das categorias dominadas - operários, jovens, mulheres. Entre as duas guerras mundiais, coube aos regimes nazistas e fascista alertar para a "degenerescência", demonizando qualquer impulso de mudança.
Isso não significa que a família, tal como a herdamos do século XIX, não esteja efetivamente se estilhaçando neste final de milênio. Na maioria dos países industrializados, casa-se cada vez menos e cada vez mais tarde. Mais raros e mais tardios, esses casamentos são menos duráveis, com os filhos de divorciados formando com freqüência a terça parte de uma sala de aula. Paralelamente, assiste-se a um aumento dos nascimentos extraconjugais e a um forte crescimento de famílias em que mãe e pai são um só - geralmente a mulher, mãe solteira ou divorciada -, que assume a guarda e o encargo dos filhos. Muitas crianças, crescendo entre mães e professoras, praticamente só vêem rostos femininos. A noção de filho natural - o bastardo desprezado de outrora - hoje também perdeu muito de sua conotação pejorativa.
O filho não é mais a finalidade básica do casal, mesmo

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