Nietzsche e o nazismo
Um dia, Hitler [1889-1945] foi um bom rapaz. Seus amigos de juventude descrevem-no como católico sério e devoto, dotado de coração terno, generoso, paciente e amoroso, qualidades que demonstrou amplamente enquanto cuidava da mãe moribunda [ela morreu em 1907]. Se Hitler fosse analfabeto ou, ainda, se fosse um bad-boy cabeça oca que somente se interessasse em zoar e pegar as mina, o mundo poderia ter passado sem aquilo tudo. Porém, embora não fosse exatamente um bom estudante, era moço de família e ocupava seu tempo livre de forma útil: lendo filósofos alemães. Depois de ter ficado com suas convicções morais e religiosas abaladas pelas idéias de Schopenhauer [1788-1860], achou pouco e, aos quinze anos, [antes mesmo da morte da mãe] o tennager Hitler, estava lendo Friedrich Nietzsche [1844-1900]. Ficou impressionado com A Genealogia da Moral [de 1887] e toda aquela reavaliação de valores para enfim concluir que o bem é o mal e o mal é o bem. Dividida em três tratados, a obra contesta a vigente [na época e ainda hoje] distinção entre bem e mal considerando tal distinção um encarceramento do entendimento e uma distorção da realidade promovida pelo pensamento cristão ocidental e sua "moralidade para escravos". Nietzsche criticava especialmente o altruísmo sem explicação e a quase que santificação da miséria, da doença e da fraqueza inspirada pelo pensamento cristão. Idéias de derrotados cuja elaboração o filósofo atribuía aos judeus, que haviam feito o desfavor de legar essa excrescência lógica à doutrina cristã. Em outras palavras, o Cristianismo tal como era apresentado pelo Vaticano era uma religião de ressentidos feita por derrotados e para derrotados, religião para aqueles que eram os restos murchos da escória da raça humana. Besta Loura: Hitler, excitadíssimo com essas idéias, mais entusiasmado ficou com o pensamento de Nietzsche sobre As Tribos da Antiga Germânia. Foi na mesma obra,