Nietzsche - valores bom e mal
(…) o ressentimento dos seres aos quais é negada a verdadeira reação, a dos atos, e que apenas por uma vingança imaginária obtêm reparação. Enquanto toda moral nobre nasce de um triunfante Sim a si mesma, já de início a moral escrava diz Não é seu ato criador. Esta inversão do olhar que estabelece valores __este necessário dirigir-se para fora, em vez de voltar-se para si __ é algo próprio do ressentimento: a moral escrava sempre requer, para nascer, um mundo oposto ao exterior, para agir em absoluto __ sua ação é no fundo reação”. (Assim, Nietzsche acrescenta mais à frente) o homem do ressentimento não é franco nem ingênuo, nem honesto e reto consigo. Sua alma olha de través ele ama os refúgios, os subterfúgios, os caminhos ocultos, tudo escondido lhe agrada como seu mundo, sua segurança, seu bálsamo; ele entende do silêncio, do não esquecimento, da espera, do momentâneo apequenamento e humilhação própria (NIETZSCHE, 1998, pp. 28-29).
Na citação, vemos Nietzsche apresentar o conceito de ressentimento, que é a atitude daquele que se inconforma com o modo de ser da realidadeÉ o ódio que marca a reatividade expressa na forma de vingança contra algo que não se pode alterar, algo já ocorrido de forma intangível. O ressentimento é reação contra a ação da vida, é seu movimento de ser. Vingança é a atitude daquele que não age tragicamente, isto é, não aquiesce vida em seu modo constitutivo de ser enquanto vontade de poder/eterno retorno. Por isso, o ressentimento nega ao invés de dizer Sim.
Nietzsche aponta a negação como o ato criador do ressentido, pois, ao negar a realidade, este se remete, se desvia a uma perspectiva interior (daí falarem interiorização de valores da alma do homem), na qual cria ou transmuta a realidade em novos valores, em ideais. Assim, o ressentimento acha ter agido, ter feito por onde..., ter feito o que pôde… Isso conforta e diminui o sentimento de impotência ante aquilo que se afirma inalterável. Com