Neurobiologia Do Autismo Infantil
Nos capítulos anteriores já foram apresentadas as definições, quadro clinico, critérios e conceitos gerais do Autismo Infantil (AI). Vamos discutir aqui, de modo mais particular, as evidências acumuladas nos últimos anos que demonstram a presença de fatores biológicos em uma boa percentagem dos casos estudados (Rapin,1991;Lotspeich e Ciaranello,1993; Schwartzman,1993) Para que fique clara a exposição que se segue, julgamos conveniente definir alguns termos que serão empregados neste capitulo.Não nos estenderemos em alguns aspectos pois eles serão apresentados de forma mais abrangente em outras secções desta obra. Gostaríamos de deixar claro que o AI será entendido como uma síndrome caracterizada por alterações presentes desde idades bastante precoces e que se manifesta, sempre, por desvios nas areas da relação interpessoal, linguagem/comunicação e comportamento. Trata-se de condição crônica, com manifestações que variam de acôrdo com a idade dos pacientes e que predomina no sexo masculino.A estimativa da ocorrência do AI varia bastante em função, principalmente dos critérios diagnósticos aceitos pelos diversos autores. Em estudo realizado no Canadá, Bryson e col (1988) relataram uma estimativa de 10:10 000 com uma proporção de 2,5 meninos para cada menina enquanto que Ritvo e col. (1989) encontraram uma prevalência de 4:10 000 utilizando os critérios do DSM-III (1980). Estudo mais recente, (1991) de Gillberg e col., entretanto, aponta para uma prevalência superior e crescente nos últimos anos. Os autores avaliaram a prevalência do autismo infantil e quadros similares ao autismo (excluindo a síndrome de Asperger) em uma determinada área geográfica da Suécia encontrando as seguintes estimativas: frequência de 4.0/10 000 em 1980, de 7.5:10 000 em 1984 e de 11.6:10 000 em 1988. Este aumento pode ser explicado por um melhor reconhecimento da condição, talvez pelo uso de critérios mais