neuro
O conceito de identidade tem sido muito discutido ao longo do tempo e, portanto, abriga diversas versões de cunho psicológico, filosófico, antropológico ou sociológico. Optamos aqui abordá-lo na sua face mais contemporânea, influenciada pelo clima reinante depois dos acontecimentos de maio de 1968. Os anos 1970 permitiam o desenrolar de profundas transformações no modo de pensar as questões sociais. Os discursos e os novos movimentos sociais indicavam uma apologia da sociedade multicultural: a justaposição e convivência de etnias ou grupos em determinados espaços urbanos (CANCLINI, 2004). Tais falas anunciavam também exaltação da diferença e idéia de preservação (ou proteção) das identidades de cada um. A identidade tornou-se, desde então um tema bastante emergente. A noção de identidade estava ligada anteriormente à concepção de um sujeito unificado. Porém, o deslocamento de seus elementos constituintes agregou-lhe o caráter fluido, polissêmico e móvel. É possível identificar-se com referências culturais distintas. A afirmação ou repressão de determinadas características identitárias das culturas diversas passa por uma escolha política. Esses processos de identificação têm redefinido o sujeito contemporâneo e, consequentemente, as identidades nacionais.
O estado-nação consolidou-se com a difusão de uma única cultura gerenciada como modelo de identidade nacional. Atualmente convive com a fala reivindicatória daqueles grupos por ele silenciados. Eles exigem a reapropriação dos meios de definição de suas identidades. A globalização, através principalmente da compressão de distâncias e escalas temporais tem contribuído para a contestação da centralidade das identidades nacionais. Há, no entanto, um movimento de reforço destas e das identidades locais. Neste contexto de negociação surgem identidades culturais em transição, resultantes do diálogo entre diferentes tradições culturais e misturas do
mundo