Nesses Primeiros Meses De Gest O
Para uma melhor compreensão do atual esboço de política econômica do governo Dilma, torna-se necessário resgatar a evolução das políticas macroeconômicas na última década. Como se sabe, o processo eleitoral que elegeu Lula presidente em 2002 se deu, paradoxalmente, em um contexto de crise da política econômica implementada por FHC, marcada pela ênfase no monetarismo, com altas taxas de juros, grande vulnerabilidade externa e baixo crescimento econômico. Entretanto, as idéias hegemônicas eram ainda fortemente influenciadas pelo liberalismo e pelo capital financeiro nas decisões de governo. Tal conjuntura exigiu uma inflexão do pensamento econômico clássico do PT, que resultou na Carta ao Povo Brasileiro, afirmando compromissos com uma política macroeconômica “responsável”, que implicava em garantir superávit primário, metas de inflação e o câmbio flutuante.
Tal responsabilidade assumiu feições concretas com a escolha de um representante do mercado financeiro para assumir a presidência do BC, Henrique Meirelles. Essa situação reforçou uma disputa já existente no seio do governo, desde a gestão de FHC, entre desenvolvimentistas e monetaristas, o que fez com que a primeira gestão e parte da segunda do governo Lula fossem marcadas por essa dualidade na política econômica, ficando a cargo do presidente o papel de manter o equilíbrio entre os dois pólos.
Entretanto, foi a política social do governo Lula, com os programas de transferência de renda e de ganhos reais para o salário mínimo, que possibilitou o crescimento