neorealismo
Um dos grandes debates introduzidos pela estética neo-realista dizia respeito à dialéctica “forma” vs “conteúdo”, dando ênfase à mensagem simples e directa comunicada pela obra de arte (quer fosse literária, artística, ou outra).
esta questão manteve-se actuante ao longo dos anos 40, levando a tomadas de posição mais ou menos radicais que definiam o contexto crítico e intelectual do nosso País. Para isso, muito contribuiu o momento político do segundo pós-guerra, a memória do Holocausto e ainda a esperança de democratização do regime que significou esse momento de viragem no século XX.
no início dos anos 50, um clima de esperança invadiu a acção política oposicionista, arrastando a produção literária e cultural para uma dimensão mais empenhada e interventiva ao nível dos seus resultados sociais. Aos artistas foi então exigida uma espécie de prevalência do conteúdo, buscando assim uma maior consciencialização política e social dos receptores da obra de arte.
artistas plásticos como Júlio Pomar, Manuel Filipe, M. Ribeiro de Pavia, Lima de Freitas, Cipriano Dourado, Vespeira, Rogério Ribeiro, Querubim Lapa, Alice Jorge ou José Dias Coelho, procuraram com as suas obras traduzir uma mensagem de liberdade e solidariedade social, esperançados num despertar de consciências que conduzisse à transformação política de um país que caminhava para a mais longa ditadura europeia.
Porém, o Neo-Realismo pode ser hoje observado, com distanciamento e objectividade, como um dos mais importantes movimentos culturais que o nosso País conheceu ao longo do século XX. Desenvolvendo-se num momento extraordinário de viragem político-social em termos internacionais, que vai dos anos 30 ao pós-guerra, redefinindo coordenadas de acção e pensamento, ao desenhar uma nova e intensa dicotomia entre o sistema capitalista e a hipótese comunista, o Neo-Realismo significou entre nós uma espécie de projecção artística das ambições políticas e sociais de