Neoliberalismo no Brasil
O Brasil foi o último país da América Latina a implementar um projeto neoliberal. Tal fato deveu-se, de um lado, à dificuldade de soldar os distintos interesses das diversas frações do capital até então presentes no moribundo Modelo de Substituição de Importações (MSI) e, de outro, à intensa atividade política desenvolvida pelas classes trabalhadoras na década de 1980 –que se expressou, entre outros eventos, na constituição do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), na criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Partido dos Trabalhadores (PT) e na realização de cinco greves gerais entre 1983 e 1989.
A mobilização política dos trabalhadores começaram a ameaçar o poder das classes dominantes, e em virtude do temor das mesmas de perderem o controle político da sociedade, isso acabou possibilitando em determinado momento (a partir da eleição de Fernando Collor em 1989), a unificação das diversas frações do capital em torno do projeto neoliberal.
Com o fracasso do Plano Cruzado –bem como dos demais planos que se seguiram na segunda metade da década de 1980– e ao longo dos embates travados na Assembleia Constituinte (1986-1988), o projeto neoliberal foi se desenhando e se fortalecendo, passando do campo meramente doutrinário para se constituir em um programa político, com a formação de uma percepção, entre as diversas frações do capital, de que a crise tinha um caráter estrutural e, portanto, que o MSI havia se esgotado e que o projeto neodesenvolvimentista era incapaz de responder aos problemas por ela colocados.
Desse modo, nos anos 1990, o liberalismo que já havia adentrado na maior parte da América Latina, implanta- se no Brasil, com toda força, a partir do Governo Collor. O discurso liberal radical, combinado com a abertura da economia e o processo de privatizações inaugura o que poderíamos chamar da “Era Liberal” no Brasil.
Esse processo, que culminou com a afirmação do projeto político neoliberal e a construção de um