Neide
Eduardo Viana Vergas Este texto (1) por tema o discurso microssociológico de Gabriel Tarde (1843-1904). Considerado, durante sua vida (mais especificamente entre os anos de 1890 e 1904), como um dos mais notáveis sociólogos franceses do final do século passado, Tarde participou ativamente do processo de emergência e constituição da sociologia francesa. São vários os sinais que atestam a notoriedade de Tarde. Ele assistiu em vida à publicação de quase toda sua vasta produção intelectual, sendo uma parte expressiva da mesma traduzida para várias línguas. Apesar de ter passado quase toda a vida à margem do sistema universitário estatal francês, tornou-se professor do respeitado Collège de France, onde ingressou atrawés de um processo de seleção no qual superou ninguém menos do que Henri Bergson. Além disso, tomou-se o mais duro e consistente opositor francês contemporâneo de Durkheim, tendo o mérito de ser reconhecido enquanto tal pelo próprio Durkheim e de ter se tornado, ao lado deste, o sociólogo mais citado na França da época. No entanto, apesar de toda essa notoriedade, a obra de Tarde caiu num profundo ostracismo após sua morte; e o ostracismo foi tanto que seu discurso foi praticamente excluído dos quadros do pensamento sociológico.
De imediato, duas questões se colocam: se Tarde foi tão notável, por que foi esquecido? Mas, se ele foi tão esquecido, aponto de hoje a sociologia praticamente prescindir dele, por que um dia fez tanto sucesso?
Ambas questões, e o "retorno" a Tarde nelas implicado, não indicam um interesse meramente anedotário, nem denunciam anacronismos. Ao contrário, se existe algum interesse em rediscutir o discurso microssociológico de Tarde, bem como os problemas colocados pelas questões apresentadas acima, esse interesse é sobretudo atual e diz respeito diretamente às condições atuais de produção dos saberes sociológicos. A esse propósito eu já escrevera:
(...) como Deleuze (1976, pp. 3 ss.) e