Negócios e poder: A família Alvarenga Monteiro na São Paulo seiscentista
Resumo: Ao final do século XIX e até meados do XX uma das principais imagens construídas pelos historiadores e cronistas para a capitania de São Paulo era a de um local de extrema pobreza, especialmente quando comparada com o Nordeste açucareiro. Estudos recentes apontam para uma realidade bem diversa, isto é, apresentam São Paulo como uma região voltada para a produção de alimentos para o mercado interno com base na mão de obra indígena, e não africana como outras capitanias. Apoiando-se na recente historiografia e cruzando informações obtidas em inventários, testamentos e Atas da Câmara da vila de São Paulo no século XVII esta comunicação tem como objetivo analisar a partir da trajetória da família Alvarenga Monteiro questões como o papel das economias não exportadoras para a formação do Império Português na América, bem como a importância da mão de obra indígena e rotas de comércio voltadas para o mercado interno.
O estudo presente é apenas parte de uma pesquisa que se encontra em andamento sobre o Brasil colônia. Pois como temos visto, os trabalhos que se têm apresentados até os dias atuais deixa uma aparente falta de relevância à localidade da Vila de São Paulo, localizada na capitania de São Vicente. Eles mostram que esta área floresceu isolada dentro da colônia, e que só conseguiu amadurecer com o apresamento e escravização indígena, através dos tão conhecidos bandeirantes, não dando o valor merecido ao comércio desta restrita região, pois a historiografia clássica demonstra que, o comércio na colônia não existia ou era incipiente, que a colônia existia somente para a sustentação da metrópole, e que na colônia somente existia o sistema de plantation, com as gigantescas fazendas de cultivo de cana-de-açúcar, ou seja, meros fornecedores da corte Portuguesa. Caio Prado Junior consagrou-se expandindo essa teoria. Em sua obra Formação do Brasil Contemporâneo o historiador