Negra Enedina
Se hoje é difícil para uma mulher construir uma carreira de sucesso, obter respeito e até mesmo concluir um curso superior, quem dirá para quem nasceu no século passado onde mesmo após a abolição da escravatura ainda se sentia o forte peso da discriminação.
Mulheres, negras e pobres representam 25% da população brasileira. São um quarto do total de cidadãos do nosso país e vivem, em sua maioria, em condições de pobreza e na luta permanente contra a discriminação.
Mas, em 05 de janeira de 1913, nascia em Curitiba – PR, Enedina Alves Marques filha de Paulo Marques e Virgilia Alves Marques. Ela que venceu todas as barreiras e fez de tudo um pouco para tornar real o sonho de chegar à universidade.
Conseguir seu diploma não foi nada fácil. A família era pobre e com a separação dos pais, Enedina e seus 5 irmãos mais velhos se dispersaram. Trabalhou como babá e teve o apoio da família onde morava para seguir nos estudos. Em 1931 conseguiu concluir a escola normal secundária. Como professora, Enedina atuou no Grupo Escolar de São Mateus do Sul, de Cerro Azul, Rio Negro, Passaúna e Juvevê, em Curitiba. Porém, a universidade ainda era seu sonho. Com esse objetivo, fez o curso de madureza no Colégio Novo Ateneu, e ingressou no primeiro curso pré-engenharia da Universidade do Paraná. Frequentou também o curso preparatório do Colégio Estadual do Paraná. Então, em 1940 sentindo-se bem preparada ingressou no curso de engenharia, onde foi alvo de preconceitos por parte de alunos e professores. Sua inteligência e determinação superou esses obstáculos. Seu carisma pessoal conquistou amigos e solidariedade dentro e fora do curso. Depoimentos recordam que Enedina passava as noites estudando, copiando assuntos de livros que não podia comprar.
Logo, em 1945 aos 32 anos, Enedina se forma em Engenharia Civil, sendo a primeira mulher engenheira do Paraná.
No início de sua carreira, foi funcionária da Secretaria de Viação e Obras Públicas, onde