Negociação
Jarecki cria um roteiro constituído por diversas camadas e é assim que ele nos é apresentado: o magnata Robert Miller é vivido por Richard Gere e é, numa primeira análise, um pater famílias; máscara que se mantém firme até a terceira cena do filme quando, depois de comemorar seu aniversário de 60 anos, ao lado da esposa Ellen (Susan Saradon, cinco vezes indicada ao Oscar), onde engendrou um inflamado discurso sobre a importância da instituição familiar, a pretexto de trabalho, sai de casa e vai encontrar-se com a amante, defendida pela francesa Laetitia Casta.
A falta de escrúpulos no trabalho e a infidelidade marital são as cascas mais superficiais deste roteiro, que oferece a Gere um dos melhores papéis que já pode criar.
Voltando ao filme, Miller sai em viagem com a amante, e, no meio do percurso, envolve-se num grave acidente que resulta na morte da jovem artista plástica. A partir deste tropeço, passamos a assistir a um desfile de fraudes.
Não vale a pena descrever o que e como acontecerão os próximos episódios do longa, afinal, é no que há de rocambolesco no roteiro que mora a nossa curiosidade acerca do filme, visto que nada de novo é apresentado em termos estéticos e estilísticos. Afora o interessante roteiro, vale, a discussão sobre a moralidade e afins. Assim, poderíamos, sem muito receio, acusar o filme de manter-se em temperatura morna nos seus 100 minutos.
No elenco (estelar),