Navio Negreiro
William Turner, um artista do romantismo, pintou “Navio Negreiro” inspirado na história do navio Zong, que fazia o trajeto da África para a Jamaica, em 1783. Uma doença espalhou-se pelos porões do navio, e alguns escravos corriam risco de morte. Temendo perder dinheiro, o capitão desce aos porões do navio e seleciona todos os escravos com sintomas da doença, manda-os ao mar, agarrados nos pulsos e nos pés, para poder receber o dinheiro do seguro. São 132 escravos, homens, mulheres e crianças. O mar do caribe está repleto de tubarões, e muitos dos escravos são comidos e os que escapam dos tubarões morrem afogados.
A pintura representa formas expressivas e a sua violência está tanto no tema retratado quanto na forma de pintar. Podemos sentir a energia do pintor. As cores variam, mas os tons quentes predominam. Há algo de infernal no quadro.
O horizonte parece inclinado, o que traz uma sensação de desconforto e movimento. Uma história está a ser narrada no quadro e várias cenas ocorrem simultaneamente. Apesar de tantos elementos, o quadro é bem equilibrado. Há um vazio no centro do quadro que traz uma certa organização.
As ondas quase viram o navio, o que representa um palco de sofrimentos.
O azul da soalheira representa a remissão dos pecados. No canto superior direito na obra, vemos um quadrante azul celeste. Depois desta tempestade, viria a calma. Após este episódio tenebroso, os escravos conquistaram a sua liberdade.
No canto direito inferior do quadro, vemos uma criatura marinha gigante, um ser lendário. Não sabemos que papel irá desempenhar nesta história, mas sua presença torna a narrativa um mito, que são esquecidos e seus dramas se tornam lições.