Natureza humana
Sonia Maria Lima de Gusmão INTRODUÇÃO Um dos pontos mais contraditórios entre a teoria psicanalítica e a teoria centrada na pessoa é aquele que diz respeito à natureza humana. Os autores que abordam essas teorias, freqüentemente, enfatizam tal aspecto. Parece não haver dúvidas de que a posição de Rogers é nitidamente otimista em confronto com a de Freud. O processo experiencial e o contexto sócio-cultural e histórico, de cada um, talvez possam ser responsabilizados pelas ênfases que dão às suas abordagens. Rogers, americano, filho de pais de princípios religiosos rígidos, porém afetivos no trato com as crianças, faziam com que prevalecesse em família um clima de união e de valor ao trabalho, embora mantivessem uma vida social bem reduzida, o que de certo modo influenciou a postura tímida e isolada do jovem Rogers. Nasceu em janeiro de 1902 e morreu em fevereiro de 1987, participando, portanto, dos conflitos deste quase final de século. Considerado um revolucionário tranqüilo, por Farson, pela maneira como contribuiu para mudar vários aspectos da psicologia e de outras áreas, é sem dúvida alguma um marco referencial na obra psicológica existente. Freud, filho de pais judeus, perseguido pelo nazismo, sofreu durante toda a sua vida a discriminação pela sua origem, por conta disso, desde cedo aprendeu a se opor ao ambiente e a manter "um certo grau de independência de julgamentos". Foi obrigado, ainda por conta da perseguição nazista, a se exilar no final da sua vida na Inglaterra, onde morreu em 1939, de câncer. Nascido no ano de 1856, em Freiberg, Morávia, pequena cidade situada na atual Eslováquia, sofreu os entraves de duas guerras mundiais. Além disso, sua época, marcada pela repressão sexual, trouxe-lhe experiências profissionais bem diferentes das de Rogers. Foi o criador da Psicanálise e influenciou, igualmente, várias áreas do conhecimento, além da Psicologia. É evidente que o modo como os