Natureza humana e dignidade humana - uma visão crítica
Advogada, Membro do GUTO – Gestão Urbana de Trabalho Organizado ligado a UNESP, Bacharel em Direito pela Universidade de Direito de Marília mantida pela Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha – FEESR, Especialista em Direito Tributário pela UNIVEM, Pós-Graduada em Direito Constitucional Italiano e Europeu pela Università Degli Studi di Macerata, Mestranda em Direito Econômico pela Pontifícia Universidade Católica – PUCSP.
Discute-se longamente se existe a natureza humana, muitas vezes sem darmos conta de que tal problema nos remete para uma questão tão absolutamente radical: se o próprio Homem existe. Sem uma essência, uma finalidade, um “programa”, sem uma maneira de ser, ao menos em potência, o Homem, casca de noz sem norte no oceano revolto das circunstâncias, seria para alguns um simples existir, um ser sem instintos, e portanto, com a inteira liberdade de conformar o seu destino. O existencialista Sarte1 remete a existência de uma natureza humana para a inexistência de Deus: sem Deus, não haveria, pois, verdadeiramente Homem.
Todavia, se é certo que a crença religiosa pode tranquilizar mais fortemente, sobretudo no plano psíquico, as diferentes ideias de Homem dos 1 Jean-Paul Sartre (1905-1980) A IDADE DA RAZÃO - OS CAMINHOS DA LIBERDADE Volume I Tradução de Sérgio Milliet 5.ª Edição BERTRAND EDITORA VENDA NOVA 1996' Título original: Lês Chemins de Ia Liberte — L'Age de Raison, 1945, Éditions Gallimard Ilustração de capa: No boulevard,de Malevich
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crentes dos vários credos, nem por isso se poderá afirmar que, em absoluto, o Homem dependa de um Deus para justificar-se. E, mais ainda: uma das provas da perfeição da obra divina parece-nos ser, precisamente, o não ser necessária uma crença transcendente para se poder concluir da ordem do mundo (ou desejá-la).
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