Naturalismo e pragmatismo: a filosofia da ciência de quine
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
Naturalismo e Pragmatismo: A Filosofia da Ciência de Quine
Adriano Rodrigues Correia
Resumo: A reflexão que segue deixa nortear-se por uma única questão, a saber, em que medida é possível defender um progresso do conhecimento científico? A partir do pensamento quineano, defendemos a tese de que a ciência se move sob um progresso nos termos de um refinamento dos modelos teóricos de explicação, o que não implica, necessariamente, em progresso ontológico.
Palavras-Chave: Progresso; pragmatismo; significação; ontologia; ciência.
Consideremos a seguinte questão : o que está em jogo na atividade científica? Um progresso ontológico, personificado no esforço por apreender de modo cada vez mais completo a estrutura mesma dos fenômenos naturais, ou, um refinamento dos modelos teóricos de explicação, que, em última instância, poderá nos legar um maior controle sobre a natureza? O peso da afirmação Wittgensteiniana no Tractatus, a saber, “Na base de toda moderna visão do mundo está a ilusão de que as assim chamadas leis naturais sejam esclarecimentos a propósito dos fenômenos naturais. Colocam-se assim diante das leis naturais como diante de algo intangível, como os antigos diante de Deus e do destino” (Cf., TLP, 6.371 - 6.372, p. 125), incide de modo decisivo no pensamento contemporâneo acerca da ciência; a posição de Wittgenstein é clara: que as diversas teorias cientificas “afigurem” de modo inequívoco as leis naturais, não passa de uma ilusão do espírito humano. De fato, desde o projeto de naturalização da epistemologia, o esforço quineano se move para a explicitação de que nossas “[...] crenças, das mais casuais questões de geografia e história, às mais profundas leis da física atômica ou mesmo da matemática pura e da lógica, [são] uma construção humana que [estão] em contato com a experiência [...]” e, portanto, “nenhum enunciado é imune à revisão” (Cf.,