Natomia
Narrador – Certa manhã de inverno uma formiguinha saiu para seu trabalho diário. Já ia muito longe a procura de alimento, quando de repente um floco de neve caiu e prendeu seu pezinho. Aflita vendo que não podia se livrar da neve, e iria assim morrer de fome e frio, voltou-se para o sol e disse:
Formiga – Hó sol, tu que és tão forte, derrete a neve que prendeu o meu pezinho.
Narrador – E o sol indiferente nas alturas falou:
Sol - Mais forte do que eu é o muro que me tapa.
Narrador - Olhando então para o muro a formiguinha pediu:
Formiga - Hó muro tu que és tão forte que tapas o sol que derrete a neve, desprende o meu pezinho?
Narrador - E o muro que nada vê e muito pouco fala, respondeu apenas:
Muro - Mais forte do que eu é o rato que me rói.
Narrador - Voltando-se então para o ratinho que passava apressado, a formiguinha suplicou:
Formiga - Hó rato, tu que és tão forte, que rói o muro que tapa o sol que derrete a neve, desprende o meu pezinho?
Narrador - Mas o rato que também ia fugindo do frio gritou de longe:
Rato - Mais forte do que eu é o gato que me come!
Narrador - Já cansada a formiguinha pediu ao gato:
Formiga - Hó gato, tu que és tão forte, que comes o rato, que rói o muro que tapa o sol que derrete a neve, desprende o meu pezinho?
Narrador - E o gato sempre preguiçoso disse bocejando:
Gato - Mais forte do que eu é cão que me persegue...
Narrador - Aflita e chorosa a pobre formiguinha pediu ao cão:
Formiga - Hó cão tu que és tão forte que persegues o gato come o rato, que rói o muro que tapa o sol que derrete a neve, desprende o meu pezinho?
Narrador - E o cão que corria atrás de uma raposa, respondeu sem parar:
Cão - Mais forte do que eu é o homem que me bate.
Narrador - Já quase sem força, sentindo o coração gelado de frio a formiguinha implorou ao homem:
Formiga - Hó homem, tu que és tão forte que bate no cão